quarta-feira, 22 de fevereiro de 2012

A Saúde Pública e a Campanha da Fraternidade, uma reflexão local (1)


A Campanha da Fraternidade (CF) da igreja católica acontece, todos os anos, no período da quaresma, com a finalidade de promover uma grande reflexão sobre temas importantes na sociedade entre os cristãos. O texto-base traz aspectos da realidade nacional, estimula a conhecer a realidade local e aponta sugestões para gestos concretos.

As ações vão desde a cobrança das autoridades por melhores soluções, o conhecimento das responsabilidades subsidiárias (de quem é o dever institucional de resolver de imediato certos procedimentos da saúde pública) e o fortalecimento da pastoral da saúde (fomentando sua implantação nas paróquias que ainda não existem) até o levantamento de dados locais para melhor compreensão da realidade.

Hoje, em um programa de rádio local, foi noticiado sobre o lançamento da CF-2012. Na oportunidade, o radialista disse: “No Brasil a saúde vai mal, em Jundiaí está indo muito bem”. Quanta desinformação! Tenho a impressão que a saúde precisa ser melhorada em todos os níveis de governo.

Quero lembrar, para contribuir com o conhecimento da realidade local, alguns dados sobre a saúde em Jundiaí:

1-   Há 10 anos, tínhamos o Hospital e Maternidade Jundiaí, a Casa de Saúde, o Hospital Santa Rita, o Hospital São Vicente de Paulo e, se formos um pouco mais para trás no tempo, o Hospital do Sesi. Todos eram conveniados com o SUS. Hoje só temos o Hospital Universitário e o Hospital São Vicente de Paulo. A cidade cresce e o número de hospitais diminuem.
2-   Em apenas uma década, a população da região do Eloy Chaves, Medeiros, Residencial Jundiaí I e II, Novo Horizonte e Fazenda Grande, dobrou. Estimo serem 50 mil habitantes hoje. É uma região distante do centro e tem dificuldades na saúde pública. O Governo Federal já disponibilizou R$ 2,2 milhões para construção de uma UPA (Unidade de Pronto Atendimento) para funcionamento 24 horas. Repassou R$ 200 mil para a Prefeitura de Jundiaí fazer o projeto da obra, há mais de um ano. Mas, até agora nada.
3-   Exames e consultas com especialistas chegam a demorar seis meses. Muitos pacientes ficam na fila das cirurgias esperando mais de 12 meses em diversos casos. O AME (Ambulatório Médico de Especialidades), prometido há 4 anos, se começar a atender a região, será às vésperas das eleições. O hospital regional, prometido como prioridade, se ficar pronto, será para a Copa do Mundo de 2014.
4-   O PSF (Programa Saúde da Família) e o médico da família, estão do mesmo tamanho há muitos anos. Só alguns bairros têm e não foi ampliado, em especial, para outros bairros mais populosos e/ou pobres da cidade. A Prefeitura abriu concurso para médicos, pagando um salário de R$ 3.961,39 por 20 horas semanais (4 horas por dia), enquanto nos hospitais e clínicas, o médico ganha mais que o dobro desse valor pelo mesmo período trabalhado. Como querem médicos se não pagam o que o mercado oferece?
5-   Já noticiado diversas vezes pela imprensa, sabemos que a Prefeitura não oferece serviços completos para o tratamento de dependentes químicos, um dos mais graves problemas de saúde pública. Faltam vagas e aumentam cada vez mais os pedidos. A internação terapêutica é uma das etapas do tratamento e tem sido indispensável para 1/3 dos casos. Não há planejamento e ações neste sentido.

O total das verbas destinadas à Saúde Pública em Jundiaí é composto da seguinte forma: Município entra com 66%; o Governo Federal com 31% e o Governo Estadual com 3%.

Se Jundiaí fosse uma cidade com baixa arrecadação, poucos recursos, pobre... daria pra entender um pouco. Mas pelo contrário, é uma das mais ricas do Estado! Então, como a Prefeitura pôde, com tantos recursos, deixar estas cinco situações acima acontecerem?

Gosto muito de Jundiaí, e pelo potencial econômico que a cidade tem, sei que poderia ser bem melhor. A falta de planejamento em saúde pública nos últimos dez anos, faz as pessoas sofrerem, às vezes de forma irreparável.

Vamos começar a CF-2012 com esta reflexão da realidade  e desafios em nossa cidade. Daqui uns 30 dias, vou escrever um resumo de propostas que já fiz para a Prefeitura.

2 comentários:

  1. As informações neste documento podem ser verdades, mas acredito muito que é dever da União, enquanto Governo Federal, está na constituição isso. É deve da união á saúde, educação, segurança. Se Jundiaí que é uma cidade muito inferior comparada a união por completa, não pode atender a essas pessoas, é porque gasta com cidadãos de outras cidades, como a de Várzea Paulista, metade dos atendimentos em UBS e no São Vicente é de pessoas de outras cidades, a maioria da Várzea. A saúde pública de Várzea Paulista, que é dever do poder executivo, cujo prefeito é do pt, esse dever não está sendo cumprido, fora é claro que tem outras cidades que também não cumprem isso !
    Pra concluir, nem o estado, nem muito menos o governo federal tem um plano excelente pra cuidar e tratar dos dependentes químicos, e enquanto os corruptos ficam impune, eles e seus familiares morrem e passam por situações de apuro e de descaso. #ABSURDO !

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    1. Caro Cleyton, as informações são verdadeiras. Não precisa fica na dúvida não. Jundiaí tem um Orçamento por Habitante de R$ 3.400,00 enquanto Varzea Paulista apenas R$ 1.300 por habitante. Não dá pra comparar a riqueza de Jundiaí e, por isso mesmo, o quanto ele poderia fazer melhor e não faz. No texto você deve ter observado, o quanto cada um colabora na saúde de nossa cidade:
      Jundiaí = 66%
      Estado = 3%
      União = 31%
      PORTANTO, JUNDIAÍ TEM QUE ARCAR COM AQUILO QUE O ESTADO NÃO ASSUME.

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