quinta-feira, 16 de abril de 2015

Esquerda e Direita no Brasil


Com a reestruturação da antiga União Soviética (Perestroika-1985) e a queda do muro de Berlim na antiga Alemanha Oriental (1989), os debates políticos-ideológicos de esquerda e de direita (que orientavam a linha de atuação entre capitalistas e socialistas) perderam força nas décadas seguintes, inclusive no Brasil. Os capitalistas liberais diziam entusiasmados, mas sem base antropológica ou sociológica, que essa "conversa" de esquerda e direita não teria mais importância. Prefiro entender que apenas ficou adormecida, em observação.

No Brasil, o assunto retornou com roupagem nova. Mas antes dessa reflexão, quero registrar a definição de "Esquerda x Direita", feita pelo filósofo do direito, escritor e professor, italiano Norberto Bobbio: "Ainda considero como direita aquelas forças que se colocam a serviço do interesse das pessoas satisfeitas. Os outros, os que sentem e agem do ponto de vista dos pobres e excluídos, são e serão sempre a esquerda. Aqueles que, manifestando-se do alto do próprio interesse, dizem que não há motivo para distribuir o dinheiro que suaram para ganhar, são e serão a direita. De direita, são os que julgam as desigualdades como inevitáveis. Já a esquerda, está viva naqueles que consideram iguais todos os homens, nos que se importam de verdade com aqueles que sofrem para subir a ladeira".

E como direita e esquerda se confrontam em nosso país? Pela direita: redução da maioridade penal, generalização política, privatizações sem medidas, discriminação social pela ascensão dos pobres, intolerância de gênero, volta do militarismo, direito de ofender quem pensa diferente, dentre outros. Pela esquerda: redistribuição dos recursos para os mais pobres pelo Bolsa-Família, ProUni para estudantes de famílias com baixa renda cursarem a faculdade, programa de habitação popular, FUNDEB com maiores repasses para Educação, estímulo à participação democrática, defesa dos direitos sociais, dentre outros.

E a corrupção? Acontece em governos de direita e de esquerda, em ditaduras e democracias, infelizmente, e deve ser combatida sempre. O que vemos não é apenas a insatisfação temporal com um governante, mas o extrato comportamental da "velha direita", que aproveita o momento e reorganiza: sectarismo social e político, rejeição do processo democrático quando diferente de seus interesses. Pela minha história política e religiosa, prefiro a orientação de esquerda, mesmo que não concorde com tudo, na forma como definiu o filósofo italiano.

Texto original publicado no Jornal de Jundiaí em abril/2015: (http://www.jj.com.br/colunistas.asp?codigo=1142)