domingo, 19 de janeiro de 2014

Shopping Center é um bom lugar para dar um “rolê”?

Shopping Center é uma invenção do capitalismo para estimular o consumo. Ao invés do cidadão ter que andar pelas ruas da cidade buscando os produtos e serviços que deseja, correndo risco de ser assaltado, tomar chuva, andar demais, enfrentar o trânsito,… reuniram tudo num lugar em que essas variáveis desagradáveis não atrapalhassem o consumo: nasceram os Shopping Centers. Portanto, um espaço privado de concentração pública, com o objetivo de consumir serviços, produtos e entretenimento. E ponto de encontro também. Sendo assim, é uma atividade capitalista, regulada por leis que permitem esta atividade e de livre acesso ao público. Não é clube, onde só entra sócio. Nem por isso as normas de convívio social podem ser quebradas, nem pelos donos do negócio e nem pelos frequentadores.

O tal “rolezinho” é algo que ninguém definiu direito ainda, nem sociólogos, nem antropólogos, e talvez nem quem participe saiba definir. Os juízes que proibiram os “rolezinhos” devem saber o suficiente para preveni-los. E as TVs e a grande imprensa sabem menos ainda sobre alguma definição, mas aproveitam a oportunidade para chamar especialistas ao debate, contra ou a favor, desde que a conclusão final recaia só sobre os governantes. A sociedade ou a família, muito menos a mídia, nunca terão cumplicidade com o que está acontecendo. “Rolezinho” é reunir 10, 100 ou 1000 pessoas em um shopping center? Qual a quantidade de pessoas reunidas que pode ser definida como “rolezinho”? Reunir grupos não é proibido, o que fazer depois de reunido, as atitudes, é que devem ser observadas. Para isso os shopping centers tem preços de produtos, serviços e estacionamentos, caros o suficiente, para cuidar da segurança e prevenir a quebra das normas de convívio social. E devem fazer isso todos os dias do ano. Pra mim, até pouco tempo, “dar um rolê” era sair para passear em algum lugar, ou passar por vários lugares pra ver qual estava mais legal.

São os motivos escritos, no facebook e demais mídias sociais, do que se pretende fazer no “rolezinho”, que podem caracterizar como incentivo a baderna ou tumulto. O que tem gerado discussão, é que a maioria dos jovens que se apresentaram nestes eventos, são pobres. Alguns “opiniólogos” das TVs dizem que é a falta de opção de lazer, outros, que é uma forma de protesto. Não é o caso em várias cidades do Brasil que possuem shopping centers, onde tem praças, parques, centros esportivos, etc. Nestas cidades, este argumento para o surgimento dos “rolezinhos”, não cola muito. Se for para protestar é preciso estar mais claro “contra o que” protestam. Movimentação relativamente organizada, sem foco, não tem muito efeito. E pelas declarações colhidas de alguns participantes, não há foco. Arrisco uma reflexão: não seria um protesto, subliminar, de desejo de querer consumir certos produtos e serviços, da moda, e não conseguir? Mais do que criminalizar “rolezinhos” é preciso discutir inclusão social e os efeitos do capitalismo desregrado!

Vale lembrar, que em certas épocas do ano, os próprios centros de compras promovem as “queimas de estoque” ou “liquidações” e atraem, na maioria das vezes, multidões de consumidores pobres. Alguns até dormem de um dia para o outro nas filas, para depois se amontoarem na corrida para levar os últimos produtos com preços baixos. Quando é pra consumir, mesmo que gere algum tumulto, aí pode aglomerar pessoas. Até incentivam a população da “dar um rolê” no shopping.