domingo, 22 de dezembro de 2019

O melhor hamburguer caseiro

Hamburguer ao ponto, crocante
por fora, rosado por dentro!
Na internet existem dezenas de dicas sobre como produzir e preparar hamburguer caseiro. O que pretendo aqui é selecionar, dentre minhas diferentes experiências na fabricação destas receitas, e mostrar duas variações que deram muito certo. Pra mim, as melhores.
Vou classificar assim: Hamburguer Gourmet (que valoriza temperos, blends de carnes, especiarias na composição e ficam suculentos após preparo) e o Hamburguer Raiz (que valoriza prioritariamente o paladar das carnes usadas no preparo e que também ficam suculentos após preparo). Fiz de vários tipos, com vários blends de carne, com mais ou menos especiarias, etc. Abaixo, as duas receitas que mais gostei:

HAMBURGER GOURMET
450 g de fraldinha (pode ser contra-filé também), deixando um pouco da capa de gordura (não sebo)
450 g de coxão-duro (pode ser patinho também), tirando toda gordura.
100 g de panceta de porco (sem a pele).
4 dentes de alho (ou o equivalente de pasta de alho puro)
1/2 cebola grande
1 ovo (só a clara)
2 colheres de sopa de azeite
Pimenta do reito a gosto (moido na hora de fazer)
1 colher de sobremesa de orégano
2 colheres de sopa de salsinha bem picada
NÃO colocar sal no preparo (o sal retira a umidade e maciez da carne). Você pode adicionar o sal no preparo se tiver certeza que vai preparar e servir imediatamente. Se for congelar, ou achar que "vai sobrar", não acicione sal.

MODO DE PREPARO: Peça no açougue para pesar em separado as quantidades de carne (fraldinha, coxão-duro e panceta sem pele) e depois moer juntas (passar duas vezes), ou se tiver processador em casa, também fica bom. No liquidificador ou mixer, junte os dentes de alho, o ovo (com clara e gema), o azeite, a pimenta, o orégano e a cebola em pedaços. Bater tudo. Não colocar sal. Junte esta pasta de temperos à carne moida e mexa bem até ficar bem misturado. Levar à geladeira e deixar de 20 a 30 min. Depois, faça bolotas de carne, com mais ou menos 170 a 200 gramas, e amasse com as mãos (o ideal é ter aquelas formas próprias para moldar hamburguer). Pronto, pode colocar em saquinhos próprios para congelar (separando um hamburguer do outro) ou ir direto para o preparo. Pães, folhas verdes, queijo prato, etc... vai da criatividade e gosto de cada um.

HAMBURGUER RAIZ
500 g de alcatra (pode ser coxão-mole também), deixando um pouco da capa de gordura, não muito.
400 g de ponta de peito (pode ser acém também), tirando toda gordura.
100 g de panceta de porco (sem a pele)
3 dentes de alho (ou o equivalente de pasta de alho puro)
1 colher de sopa de azeite
1/4 cebola grande
Pimenta do reino a gosto (moido na hora de fazer)
NÃO colocar sal no preparo (o sal retira a umidade e maciez da carne). Neste estilo de churrasco, não se adiciona sal de jeito nenhum, só na hora do preparo.

MODO DE PREPARO: Peça no açougue para pesar em separado as quantidades de carne (picanha, ponta de peito, panceta sem pele) e depois moer juntas (passar duas vezes), ou se tiver processador em casa, também fica bom. Moer bem o alho. Não colocar sal. Junte o alho, o azeite, a cebola batida e a pimenta do reino à carne moida e mexa bem até ficar bem misturado. Levar à geladeira e deixar de 20 a 30 min. Depois, faça bolotas de carne, com mais ou menos 170 a 200 gramas, e amasse com as mãos deixando a espessura homogênea (o ideal é ter aquelas formas próprias para moldar hamburguer). Pronto, pode colocar em saquinhos próprios para congelar (separando um hamburguer do outro, dura até 3 meses no freezer) ou ir direto para o preparo (adicionando sal a gosto neste momento). Quando pronto, servir no prato com outros acompanhaentos que desejar. Ou se desejar o lanche, juntar pães, folhas verdes, queijo prato, etc... vai da criatividade e gosto de cada um.

GRELHA, CHAPA OU FRIGIDEIRA?
Aqui, a parte importante.
Para ambos os tipos de hamburguer, prefira a chapa (de fogão ou a de colocar na churrasqueira, tanto faz), pois mantém mais a temperatura constante e não deixa perder o caldo quando assa. A temperatura deve ser média-alta e mantida assim durante o processo. Portanto, deixe a chapa esquentar bem, coloque um fio de azeite ou manteiga, coloque os hamburgueres em quantidade que não resfrie demais a chapa e ADICIONAR SAL deste lado. Deixe dourar bem antes de virar pela primeira vez. Ao virar, coloque MAIS UMA PITADA DE SAL e uma tampa para abafar e acompanhe o processo (mal passado, ao ponto ou bem passado - sem esturricar de tanto fritar, seria um crime). Varia de churrasqueira ou fogão, mas o tempo de preparo é de 5 a 8 minutos.

Estes dois estilos e nestas quantidades, foram os que mais apreciei. No meu preparo preferido vai hamburguer ao ponto, sem pão, no prato acompanhado de salada de folhas verdes diversas e uma cerveja encorpada artesanal.

domingo, 18 de agosto de 2019

O equilíbrio político e social é possível?


Nem muito a esquerda, nem muito a direita! Mas não significa a mistura dos extremos. Busco harmonia, ponderação, fé libertadora e construtivismo social. Será buscar demais? Desde que deixei o PT, tem mais de 4 anos, e com meu histórico e trajetória de vida, confesso que não é fácil.

Vou começar por algumas frases que me fizeram refletir neste sentido:

“Meu filho, guarde consigo a sensatez e o equilíbrio, nunca os perca de vista” (Provérbios 3, 21)
“A vida é igual andar de bicicleta. Para manter o equilíbrio é preciso se manter em movimento” (Albert Eistein)
“Quem não sabe o que busca, não identifica o que acha” (Immanuel Kant)
“O segredo da mudança é não focar toda sua energia em lutar com o passado, mas em construir o novo” (Sócrates)
“Mude, mas comece devagar, porque a direção é mais importante que a velocidade” (Clarice Lispector)
Não se trata de abrir mão de valores essenciais – da defesa da vida, da justiça social, dos princípios cristãos, da família – mas de compreender que certas convicções eu posso aplicar de outro jeito, com outro olhar, com mais ponderação, ouvindo mais as pessoas que querem chegar ao mesmo lugar por caminhos diferentes. Se faz necessário também remodelar outras convicções ideológicas que foram se turvando nos grupos sociais ao longo destes últimos trinta anos. A narrativa de ontem, não é adequada hoje!

A sociedade, considerando-se o comportamento explícito e implícito que observamos, está dividida hoje em dois grupos posicionados aos extremos (uso aqui os termos pejorativos populares para cada grupo): 15% da ameaça comunista e 15% de bolsominions da neodireita. Os demais 70% da população, não importando em quem votaram para presidente, desejam mais resultados objetivos, ações coerentes, transparência e uma nova postura política. Nenhum dos extremos consegue sustentar isso. Esta população dos “setenta por cento”, não são os petralhas e nem bolsominions, mas muitas são embaladas a tomar um lado, mesmo que não concordem com nenhuma das duas posições ideológicas. Parece a síndrome da obsolescência perceptiva, onde você é induzido a consumir o que não necessita! E o atual presidente, infelizmente, incentiva essa rinha o tempo todo.

Num estado democrático, livre, de direitos e deveres, construído ao longo destas últimas décadas, mesmo que ainda não bem consolidado, podem existir grupos políticos das mais diversas vertentes. Todos têm direito de expressão, com diversas ideologias (e elas estão lá, em cada frase, em cada atitude, mesmo que digam que não). Tenho pra mim (por conta da incapacidade da esquerda de autoanálise e reposicionamento social, e da direita, que assume o poder com um discurso do “bem contra o mal” para se firmar) que grande parcela da sociedade não vai ficar satisfeita, nem com um e nem com outro. Precisamos de equilíbrio, de apontarmos para o centro ponderado.

É hora de reconstrução social em primeiro lugar. Ou fazemos isso, ou ainda teremos amigos de outrora se desunindo cada vez mais, parentes que tinham bom convívio sendo intolerantes, irmãos da mesma comunidade entendendo os ensinamentos cristãos de acordo com o “lado” que adotaram ou foram empurrados aceitar. Estou partilhando a ponderação, o equilíbrio do possível, pelo diálogo mais desapegado e farei, o quanto possível, essa reflexão com as pessoas.

sábado, 22 de junho de 2019

Por que o gosto por facas?


BREVE HISTÓRICO
As facas estão entre os primeiros instrumentos feitos pelo homem. A era da Idade da Pedra Lascada, a mais de 10.000 anos a.C., os homens utilizavam pedras cortantes como facas. Mais tarde, cerca de 4.000 anos a.C., começou a era da Idade dos Metais, quando o homem começou a desenvolver a técnica da fundição com bronze e cobre. Bem mais tarde, nos anos 1.600 d.C., começaram a utilizar o aço, tornando-se o metal preferido e aperfeiçoado até os dias de hoje nas suas diversas variações. Em 1669 o rei francês Luiz XIV, por orientação do cardeal Richelieu, ordenou que as facas para se levar a mesa, não podiam ser pontiagudas e nem cortar dos dois lados (adagas), e assim os cuteleiros da época começaram a fazer facas que cortavam apenas de um lado e sem pontas. A partir deste fato, começaram a diferenciar as “facas de cozinha” das “facas de caça ou defesa”. Mas as variações de modelos e usos das facas não se restringiram ao velho mundo, pois noutros continentes, existiram boas evoluções também, como a cutelaria japonesa, árabe e hindu, só para citar alguns exemplos. As facas e o homem têm uma longa história de cumplicidade.

Adaga GTR e Navalha. Aços 5160 e 52100. Sob encomenda
QUEM SE INTERESSA POR FACAS?
Nos tempos atuais, as facas, adagas, espadas e lanças deixaram de ter parte das funções de outros séculos. Hoje quem se interessa por facas, tem motivações variadas: colecionar (tipo do aço, formatos da lâmina, material do cabo, etc); caçar e pescar (algumas boas facas, de tamanhos e lâminas apropriadas, fazem a diferença na mochila); fazer churrasco (quem já cortou carnes com boas facas artesanais de aço carbono, sabe a diferença); cozinhar (preparar alimentos com facas apropriadas, lâminas diferenciadas e afiadas, dá outro toque); trabalhar (no campo, no açougue, etc); defesa pessoal (há quem deseje ter sempre por perto um bom canivete ou faca para essa finalidade, para sentir-se mais seguro); prazer e uso esporádico (ter boas facas ou canivetes diferentes para todos os demais usos já citados acima, apreciar bons trabalhos da arte da cutelaria). Eu comecei a gostar de facas com meu pai, que possuía vários canivetes, e sempre um ou dois na cintura, para todos os usos. Ganhei meu primeiro canivete dele, isso tem mais de 40 anos, quando tinha 14 anos. Mais tarde, comprei uma faca pequena de caça e pesca, para deixar na maleta. E assim acabei sendo um apreciador dos diversos tipos de facas, por prazer à cutelaria artesanal e usos em culinária e churrasco.

COMO GOSTAR DE FACAS?
Não é esse breve relato histórico que me fez gostar de facas ou canivetes. Para gostar, precisa usar, experimentar, sentir a diferença. Tente levar uma faca “diferentona” para fazer o churrasco entre amigos, ou preparar um almoço especial usando uma faca “do chefe” artesanal fatiando aquele lombo defumado, ou na pescaria ou camping para usos diversos. Sinta e compartilhe este prazer com as pessoas que participam contigo destas atividades, e aos poucos, vai pegando o gosto. Dê facas de presente (do chefe, picanheira, de caça, de usos diversos) para os amigos e amigas que você conhece e sabe que gostam do assunto. Experimente, no ritual de preparar um jantar ou um bom churrasco, de preferência em conjunto com outras pessoas queridas, que começa horas antes e tende a se alongar por muitas horas depois, usar boas e adequadas lâminas. Neste momento, ter facas especiais e próprias para tratar cada alimento adequadamente, também faz parte da gastronomia. E ainda assim, se você não gosta de cozinhar, se seu churrasco é só de espetinho e bifes temperados, comprados prontos, você não caça e não pesca, então procure comprar uma faca especial pelo gosto artístico da confecção (tipo do cabo trabalhado a mão, aço utilizado pelo cuteleiro, design da lâmina, raridade, nem que seja para deixar de exposição), você pode ser um colecionador que ainda não se descobriu. O segredo é começar, usar de vez em quando, comprar a primeira pelos mais diversos motivos. O gosto – que acompanha o homem há milênios – vai surgir.

ALGUNS MODELOS PARA CONFERIR
Na sequência, assim como na foto inicial, exemplos de facas e canivetes que tenho, dentre muitas. Sou um apreciador da gastronomia, de um bom churrasco e da arte da cutelaria (afinal, como ex-ferramenteiro de profissão, o gosto pelo aço continua). Noutra ocasião, vou escrever sobre tipos diferentes de aços (carbono, inox e damasco), formatos de lâminas, tipos de desbaste de corte e outros detalhes.

Facas Picanheira e do Chefe fosfatizada. Aços 52100 e 1095. Sob encomenda
Facas tipo Gaúchas. Aços Inox 420C e 440C. Cutelarias Artesanais
Canivetes especiais. Materiais, cabos e travas distintas. Importados
Facas de Churrasco. Aço Inox. Cutelarias nacionais. Comprado em lojas especializadas

domingo, 6 de janeiro de 2019

Estado laico, ecumênico ou evangélico?

A ideia de um Estado Laico surge no período da Revolução Francesa, em que era proposto a separação total entre Igreja e Estado. Para cumprir essa meta, o Estado laico tem que se declarar neutro e não interferir em nenhum assunto relativo à religião. Por sua parte, nenhum grupo religioso e étnico, teria o direito de se intrometer nos temas políticos. Na origem, um Estado laico não deve receber influência de nenhuma religião. Embora a definição de laicidade mais moderna seja a da convivência estatal com todas as religiões e os sem-religião, na prática, ficou o conceito reformista do fim do século XVIII na cultura do Brasil: política e religião não se misturam. Pelo menos até a poucos meses. O conceito de Estado laico não é este, e sim o da convivência e o reconhecimento de todas as religiões e culturas diversas.

No período de formação da Igreja uma de suas principais características era a união, a solidariedade e o amor fraternal, porém, ao longo dos séculos esse ideal foi se desintegrando. A grande divisão teve início entre cristãos latinos e gregos, que teve seu cume no século XI. Mais tarde, no século XVI houve a separação entre católicos e protestantes, em seguida outras divisões foram surgindo ao longo da história. Ecumenismo é a busca da unidade entre todas as igrejas cristãs. É um processo de entendimento que reconhece e respeita a diversidade entre as igrejas. A ideia de ecumenismo é exatamente reunir o mundo cristão. Na prática, porém, o movimento compreende diversas religiões inclusive aquelas não cristãs. Há diversas opiniões sobre o conceito e uso mais adequado para os tempos atuais: Divulgar e praticar mais o verdadeiro sentido do Estado laico ou dar outra dimensão a um Estado ecumênico?

O movimento reformista cristão do século XVI liderado por Martinho Lutero, em 1517, culminou na cisão e início do movimento protestante à Igreja Católica. A partir daí todas as novas denominações cristãs, porém não católicas, eram denominados protestantes. Atualmente na Europa e nos Estados Unidos os cristãos católicos e os não católicos se auto identificam, majoritariamente, apenas como cristãos, sendo secundária a ramificação da denominação religiosa ao qual pertencem, no Brasil e na américa latina, a identificação protestante e denominacional, tem sido fundamental. Por aqui, é mais comum usar os termos: “Crente” (geralmente com a conotação pejorativa para quem é mais pobre) ou “Evangélico” (geralmente o mais usado, e também mais forte entre os fiéis de classe média). E a denominação faz parte do sobrenome: da Assembléia de Deus, da Quadrangular, da Universal, da Luterana. Os evangélicos nas últimas duas décadas estão crescendo sua relação com a política eleitoral.

No Brasil deste século, o Estado não foi predominantemente laico, nem ecumênico ou evangélico. A história mais antiga e ligada aos colonizadores, fizeram com que muitas tradições e comemorações católicas se incorporassem ao calendário estatal. Isso não fez a prática das ações estatais, e de seus governantes nas últimas três décadas pelo menos, serem eminentemente católicas. Mas é inegável que de uns 20 anos para cá houve significativo avanço das religiões na influência do voto nas eleições. E por consequência, mais cargos sendo ocupados por autoridades que se dizem “religiosos praticantes”. Isso levaria o Estado da condição de laico para ecumênico ou evangélico? Até onde o discurso e a prática serão os mesmos? O fundamental da imensa maioria das religiões, e daqueles que as professam, deve continuar sendo: a caridade, os mais pobres e o diálogo. Mas vamos precisar conferir, estão confundindo!