segunda-feira, 19 de março de 2012

A farra dos pedágios e o descaso com Jundiaí

A Autoban, concessionária que administra as principais rodovias da região de Jundiaí, tais como a Anhanguera e a Bandeirantes, arrecadou com pedágios em 2011 a bagatela de R$ 1,53 bilhão, um aumento de 11% (ou cerca de R$ 150 milhões) em relação a 2010.
Já o lucro líquido da empresa subiu 21% no mesmo período, passando de R$ 410 milhões em 2010 para R$ 496 milhões em 2011. 
Neste mesmo período, por outro lado, os investimentos da concessionária caíram 81%. Em 2010, a Autoban investiu R$ 333 milhões nas suas rodovias, mas em 2011 investiu apenas R$ 61 milhões. Estes dados são do balanço anual da empresa.
Pelo modelo de concessão no Estado de São Paulo, os preços do pedágio são mais caros porque a concessionária tem que repassar um valor (ônus fixo) para o governo estadual investir em outras estradas, ainda sob a responsabilidade do poder público (DER).
Outro problema maior é que a taxa de retorno/lucro prevista no contrato permaneceu na faixa de 20%, mesmo após a renovação da concessão em 2006 e os aditivos posteriores. Um valor absurdamente elevado para o momento que atravessa a economia brasileira (com estabilidade e crescimento econômico), diferentemente da situação no início da concessão, em 1998.
Para que possamos ter uma ideia, nas concessões das rodovias federais (Régis Bitencourt) e nas novas concessões de rodovias estaduais (D. Pedro, Carvalho Pinto, Rodoanel Oeste e Raposo Tavares), a taxa de retorno/lucro gira em torno de 8%.
Não satisfeita, a concessionária tem pressionado e o governo estadual vem “abrindo mão” do recebimento de diversas parcelas de ônus fixo, para que empresa, como contrapartida, realize investimentos adicionais não previstos.
Na região, sentimos o alto custo de um contrato de concessão mal feito pelo governo estadual e a omissão do governo municipal.
Primeiro, sofremos com as tarifas mais caras de pedágios para cobrir o “ônus fixo” e garantir taxas de lucro absurdas da concessionária, mantidas pelo governo paulista mesmo após a revisão de 2006 e os aditivos posteriores.
Depois, temos que assistir a contratos mal feitos, que não preveem um “gatilho de investimentos” para as concessionárias, sempre que o fluxo de veículos aumenta. Apostam, portanto, numa inusitada estagnação econômica da região, ou ainda numa constante revisão da concessão (aditivos) – chamados de “reequilíbrios econômicos financeiros” – que beneficiam a empresa e penalizam o usuário.
Finalmente, o governo estadual cede mais uma vez às concessionárias, negociando investimentos adicionais nas rodovias concedidas através da cessão de parte do “ônus fixo”, que serviria para o Estado investir nas estradas ainda sob sua responsabilidade.
A 'bondade' vem garantindo mais R$ 240 milhões nos cofres da Autoban, entre as parcelas dos “ônus fixos” não pagos e os descontos nas parcelas futuras.
Com a Autoban reduzindo os investimentos, não é difícil entender a precariedade do acesso à Jundiaí através da Avenida 14 de Dezembro, a falta de um trevo completo na Nova Rodoviária/Avenida 9 de Julho ou ainda a saturação completa do trevo da Avenida Jundiaí.
Com o governo estadual abrindo mão de recursos, podemos entender o péssimo estado do trevo da Rodovia João Cereser (na altura do acesso para Jundiaí Mirim), a lentidão das obras na Marginal (ligando Jundiaí a Campo Limpo Paulista) e a “buraqueira” na Rodovia Edgard Máximo Zamboto (ligando Campo Limpo Paulista a Jarinu), para ficarmos apenas em alguns exemplos.
Em resumo, o resultado é um só: pedágios caros, falta de investimentos da Autoban nos principais trevos de acesso à Jundiaí e falta de investimentos do governo estadual nas demais rodovias da região.
Enquanto isso, a Prefeitura de Jundiaí só assiste de camarote. Do alto de sua colina.

4 comentários:

  1. VAMOS PEDIR PARA O DUDA MENDONÇA FAZER OS VIADUTOS QUE A CIDADE PRECISA, AFINAL DE CONTAS, SERÁ UMA RETRIBUIÇÃO DELE PARA JUNDIAI QUE LHE PAGOU 50 MILHÕES

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  2. Vou fazer um breve comentários quanto aos trevos av. jundiaí e 14 de dezembro. Pelo que sei, pois trabalhei 3 anos da concessionária, já foi encaminhado a prefeitura um projeto quanto aos trevos, mas a Autoban não tem total liberdade para fazer a obra, pois invade o "território urbano".
    Infelizmente não existe essa parceria entre as partes.
    Abraços.

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  3. É por isso que esta bimboca de país não vai pra frente, porque qualquer político acha que tem de tomar dinheiro das empresas????
    PAREM DE ROUBAR!!

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  4. Infelizmente, não existe "cabra macho" nessa terra, capaz de pôr um fim a esse assaltado que são os pedágios de sp...ir até ribeirão preto, significa pagar 14 pedágios...e ninguém reclama, ninguém se une a um grupo que grite contra esse absurdo.
    Pra esse tipo de poder, não há deputado honesto que se levante, antes de ter as mãos enlameadas de suborno...suborno que alcança todos, inclusive a imprensa que estranhamente reluta em discutir o assunto.
    Ao invés, a maioria do paulistas, por alienação ou preguiça, ou desilusão total, usa o absurdo argumento de que os pedágios são caros, mas ao menos, temos as melhores pistas do pa´s...vai ser idiota lá longe.....
    5 milhões de veículos descem a serra mais cara do mundo num final de semana prolongado , multiplicado por 20 reais e dez centavos, e esses tucanos não tem dinheiro pra pagar médicos, policiais ou professores e ainda dão calote nos precatórios judiciais.
    O argumento deles?
    O Picolé de Xuxu diz que o valor pago pelos pedágios é pequeno, porque 86% do montante, vai para a empresa administrar as rodovias e apenas, 14% vai para os cofres do estado....ou seja, vc tem uma mina de ouro, não tem competência pra administrar e terceiriza para uma empresa particular, cujos donos são filhos de um político tucano e no final fica só com 14% do ouro retirado da mina...ou vc é muito burro e incompetente, ou vc é parte nessa quadrilha...que opção vamos escolher?

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