quinta-feira, 14 de abril de 2016

O otimista e o avestruz

O otimista é tido, por uma definição superficial e popular, como aquela pessoa que só vê o lado positivo em tudo que acontece no dia a dia. Não é apenas aquele bem humorado ou risonho, mas sim o que procura mostrar que tudo tem um lado bom muito maior. O avestruz é aquela ave que, criou-se o mito, esconde a cabeça no buraco quando vê o perigo. Por isso, fala-se em “síndrome do avestruz” quando alguma pessoa não enfrenta o problema e se esconde atrás de coisas frágeis ou faz de conta que o problema não existe.

O comum seria admirar os otimistas – ao menos neste estereótipo popular – e taxar aqueles com síndrome de avestruz como medrosos ou negativistas. Porém alguns estudos demonstram que estes comportamentos podem ter algo em comum: a insegurança em encarar, ou discernir, a realidade na sua totalidade. É uma zona de conforto desprezar os problemas e só enxergar o lado positivo, desviar deles, fazer de conta que não está vendo ou deixar para depois.

Assim, temos o “otimista-avestruz” encontrado, infelizmente, com maior frequência na sociedade moderna, sendo aquele que só vê as coisas boas em tudo, mas desvia dos problemas ou faz de conta que não existe. Quem tem esse comportamento, tende a não gostar muito de planejar as coisas, pois teria que lidar com pontos fracos e tratar de solução de problemas em potencial, e essas coisas não combinam com seu estilo. O “otimista-avestruz” quando precisa resolver algum problema, que não dá mais para desviar, tende a querer tomar uma decisão simples para combater problemas complexos. Não faz diálogos coletivos com as pessoas envolvidas e não trabalha com as variáveis, toma decisão por impulso achando que “tudo vai dar certo.” Poucas vezes dá certo como poderia dar.

Porém o verdadeiro otimista não tem essa definição do estereótipo popular. O otimista clássico é atributo do comportamento de um líder e não é aquela pessoa sonhadora que vive fantasiando. Não significa que vê absolutamente tudo “cor de rosa”, sem se importar com as consequências e sem razão alguma, ou sem aceitar a realidade como ela é. Ele pode ver e reconhecer perfeitamente as dificuldades, mas não se afoga nelas, e as considera uma oportunidade para mudar, melhorar e crescer. Uma pessoa otimista é confiante e está convencida de que cada problema representa novas possibilidades.

Pode-se aprender a ser um otimista de verdade, como atributo de um líder? Sim, desde criança, na família e na escola. O otimismo verdadeiro permite valorizar as nossas melhores qualidades e as dos outros, sem exageros, nem julgamentos extremos. Trata-se simplesmente de ver as coisas como elas são, colocando cada erro e inconveniente em seu lugar, somente isso. É um verdadeiro atributo da inteligência emocional. De uns tempos pra cá, tenho me vigiado para aprender cada vez mais a ser um otimista de verdade.

4 comentários:

  1. Ótimo texto. Sempre me vi como otimista, mas não tenho como negar que, em várias ocasiões, não me escondi dos problemas, mas também não dei a eles a devida importância. Ou seja, já dei umas de "avestruz"......rs

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  2. Ninguém é 100% otimista ou avestruz...

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  3. Orlato, a alegoria da avestruz relacionada ao otimista pode ter uma via interessante para se pensar. Quando o otimismo se extrapola, estaria o otimista tapando os olhos para não ver o problema, tal qual uma avestruz? Bom texto.

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  4. Otimismo e planejamento, colocados juntos, como no texto, dão o tom de sucesso para qualquer plano. Bom texto.

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