Shopping
Center é uma invenção do capitalismo para estimular o consumo. Ao invés do
cidadão ter que andar pelas ruas da cidade buscando os produtos e serviços que
deseja, correndo risco de ser assaltado, tomar chuva, andar demais, enfrentar o
trânsito,… reuniram tudo num lugar em que essas variáveis desagradáveis não
atrapalhassem o consumo: nasceram os Shopping Centers. Portanto, um espaço
privado de concentração pública, com o objetivo de consumir serviços, produtos
e entretenimento. E ponto de encontro também. Sendo assim, é uma atividade
capitalista, regulada por leis que permitem esta atividade e de livre acesso ao
público. Não é clube, onde só entra sócio. Nem por isso as normas de convívio
social podem ser quebradas, nem pelos donos do negócio e nem pelos
frequentadores.
O tal “rolezinho”
é algo que ninguém definiu direito ainda, nem sociólogos, nem antropólogos, e
talvez nem quem participe saiba definir. Os juízes que proibiram os
“rolezinhos” devem saber o suficiente para preveni-los. E as TVs e a grande
imprensa sabem menos ainda sobre alguma definição, mas aproveitam a
oportunidade para chamar especialistas ao debate, contra ou a favor, desde que
a conclusão final recaia só sobre os governantes. A sociedade ou a família,
muito menos a mídia, nunca terão cumplicidade com o que está acontecendo. “Rolezinho”
é reunir 10, 100 ou 1000 pessoas em um shopping center? Qual a quantidade de
pessoas reunidas que pode ser definida como “rolezinho”? Reunir grupos não é
proibido, o que fazer depois de reunido, as atitudes, é que devem ser
observadas. Para isso os shopping centers tem preços de produtos, serviços e
estacionamentos, caros o suficiente, para cuidar da segurança e prevenir a
quebra das normas de convívio social. E devem fazer isso todos os dias do ano.
Pra mim, até pouco tempo, “dar um rolê” era sair para passear em algum lugar,
ou passar por vários lugares pra ver qual estava mais legal.
São os
motivos escritos, no facebook e demais mídias sociais, do que se pretende fazer
no “rolezinho”, que podem caracterizar como incentivo a baderna ou tumulto. O
que tem gerado discussão, é que a maioria dos jovens que se apresentaram nestes
eventos, são pobres. Alguns “opiniólogos” das TVs dizem que é a falta de opção
de lazer, outros, que é uma forma de protesto. Não é o caso em várias cidades
do Brasil que possuem shopping centers, onde tem praças, parques, centros
esportivos, etc. Nestas cidades, este argumento para o surgimento dos
“rolezinhos”, não cola muito. Se for para protestar é preciso estar mais claro
“contra o que” protestam. Movimentação relativamente organizada, sem foco, não tem
muito efeito. E pelas declarações colhidas de alguns participantes, não há
foco. Arrisco uma reflexão: não seria um protesto, subliminar, de desejo de
querer consumir certos produtos e serviços, da moda, e não conseguir? Mais do
que criminalizar “rolezinhos” é preciso discutir inclusão social e os efeitos
do capitalismo desregrado!
Vale
lembrar, que em certas épocas do ano, os próprios centros de compras promovem
as “queimas de estoque” ou “liquidações” e atraem, na maioria das vezes, multidões
de consumidores pobres. Alguns até dormem de um dia para o outro nas filas,
para depois se amontoarem na corrida para levar os últimos produtos com preços
baixos. Quando é pra consumir, mesmo que gere algum tumulto, aí pode aglomerar pessoas. Até
incentivam a população da “dar um rolê” no shopping.
Durval,
ResponderExcluirVejo esses tais "rolêzinhos" são a manifestação de uma camada pobre visando a inclusão ante essa sociedade consumista. Essas pessoas são "marginalizadas" pelo atual sistema, na concepção original da palavra. Elas ficam à margem da sociedade, pois não podem usufruir do luxo que o capitalismo atual tenta inserir como definição de boa vida. Esse desejo de inserção é representado na nova vertente da música funk, o tal funk ostentação. E os shoppings são os locais símbolos da sociedade de consumo, onde se concentra o luxo e ostentação que esses marginalizados anseiam. Assim, os rolêzinhos se resumem em tentativas de inserção social por essa juventude pobre. Uma inserção não na sociedade comum, mas sim na sociedade do luxo e consumismo exacerbado, onde rola a "ostentação".
Enfim, talvez tenha ficado meio confuso, mas tentei nessas frases explicar minha visão. Abraços!
Esse movimento contra ,reforça o que é o capitalismo e a sociedade de classes, lembrando que nem tudo o que é produzido é para todos, na mesma qualidade e no mesmo local. É a sociedade da distinção (Bourdieu, 2007) atenuada pela viabilização do consumo massificado, mas ainda extremamente hierarquizada e segmentada.
ResponderExcluirSolange Longui