“A cidade de Jundiaí foi tomada pelos especuladores
imobiliários que fazem seus negócios altamente lucrativos, sem contrapartidas
para a cidade, com a permissão da Prefeitura, que não planejou a cidade para
todos, deixando trânsito, transporte, saúde e segurança em situação de alerta.
Uma completa falta de planejamento, infelizmente”. Essa foi a conclusão do
vereador Durval Orlato (PT), que organizou a Plenária Internacional Cidades do
Futuro no último sábado (26/05), na Câmara Municipal. Os palestrantes são da
equipe responsável pelo projeto de mobilidade urbana de Madrid na Espanha, que
vieram à cidade para ajudar nesta importante reflexão sobre o assunto.
Assim, nestes tópicos abaixo, vamos direto aos dados e
considerações mais importantes do seminário.
BRT (Bus Rapid Transit) ou VLT (Veículo Leve
sobre Trilhos)?
Uma rápida exposição feita por José Maria Diaz Retana, Diretor de
Projetos e Obras da espanhola Arnaiz-Bustren, fez com que alguns números
mostrassem diferenças e semelhanças:
Inclinação via ou leito exclusivo: BRT é até 8% mas pode suportar
um pouco mais. No VLT é também de 8%, no máximo.
Preço por Km da obra (sem os veículos): No BRT é de R$ 26 milhões
e no VLT de R$ 41 milhões.
Preço dos veículos e sua durabilidade média: O BRT para 150
passageiros custa R$ 1,2 milhão e dura entre 8 e 10 anos. O VLT para 280
passageiros fica mais caro, cerca de R$ 7,2 milhões, mas dura o triplo, de 25 a
30 anos.
Capacidade de transporte (ida e volta) de pessoas: No BRT é de 8
mil a 25 mil passageiro/hora. O VLT vai de 10 mil a 40 mil passageiro/hora.
No entanto José Maria afirma ter situações híbridas: “Em
Medellin (Colômbia) está sendo desenvolvido um veículo sobre “pneus” que
circula dentro de trilhos, para atender uma inclinação de 15% na via, semelhante
a um trólebus”. Também destacou que o importante é criar leis urbanas
adequadas à mobilidade, o que se deseja com o novo sistema, quais as
integrações existentes e como serão integradas ao projeto de mobilidade.
Inclusive de quanto será o subsídio público no sistema.
Sobre o preço da passagem e percurso
Na cidade de Madrid, com mais de 3,3 milhões de habitantes, os
cartões do sistema integrado de transporte coletivo podem ser adquiridos para
uso mensal ou anual, de acordo com o dia a dia de cada cidadão. O tempo de
duração para entradas e saídas é o dia todo. Assim, o cidadão pode ir para o
trabalho de metrô, sair para almoçar utilizando o ônibus e voltar para casa no
final do dia com uma única passagem. Os valores das passagens variam, em média,
da seguinte forma:
Uso dentro da cidade de Madrid: R$ 2
Uso na região metropolitana de Madrid: R$ 6
Nos valores acima, já estão embutidos 50% de isenção (em média)
para idosos acima de 65 anos e para jovens até 21 anos (independente de serem
estudantes, pagam meia passagem nos sete dias da semana). “Não existe
sistema de transporte eficiente no mundo, sem subsídios na passagem por parte
do poder público. No caso de Madrid, a cada R$ 2 de passagem paga pelo usuário,
outros R$ 2 são pagos pelos cofres públicos. Os sistemas de transporte devem
ser economicamente sustentáveis, mas o ganho deve ser no bem-estar da
população, na diminuição dos carros nas ruas, no transporte eficiente... este é
o verdadeiro lucro”, afirmou Agustín Sánches Guisado, diretor Internacional
da Arnaiz-Bustren, empresa responsável por grande parte das intervenções
urbanas na capital espanhola.
Compensações e empreendimentos urbanos
“Se querem construir altos prédios no centro da cidade, tem que
pagar para a cidade o custo social”, afirmou Agustín Guisado. Na Espanha já
funciona uma espécie de EIV (Estudo de Impacto de Vizinhança) há quase 40 anos
e um “fundo” de mobilidade para equilibrar o convívio urbano. Em Jundiaí, o
prefeito enrolou por quase quatro anos a aprovação do projeto, para aprovar só
no final de 2011, mas não teve ainda nenhum caso em que a nova legislação foi
acionada. Os especuladores devem ter protocolado todos os projetos de ocupação
na área urbana antes que tivessem de pagar alguma coisa para a sociedade. E a
prefeitura aceitou de forma conivente.
José María Retana também visitou a avenida 9 de Julho e viu a construção
do novo shopping. Foi informado que a contrapartida seria a construção daquela
rotatória e de uma unidade de saúde básica. Surpreso, afirmou: “Muito pouco,
pois um empreendimento como este deve trazer cerca de 30 mil pessoas por dia
neste local e uma rotatória vai facilitar apenas o retorno ao shopping, mas não
aliviará o trânsito que irá se formar nas ruas do entorno para se chegar até
lá”.
Desafios da concentração ou dispersão urbana
O conceito geral, sob a ótica da mobilidade, é de que os prédios
habitacionais ou comerciais, quanto mais agrupados próximos dos serviços
públicos e privados da região central de uma cidade, mais barato fica o
deslocamento humano, e até na questão da rede de água, esgoto e energia, pois
são existentes. No entanto, para se colocar, por exemplo, 2 mil pessoas
habitando onde antes existiam apenas 50 famílias, causa um enorme impacto
urbano e ambiental.
Quem deve pagar por toda essa compensação é o empreendedor, pois
vai ganhar muito mais pelo m2 construído do que se fizesse sua obra em outro
local mais distante da região central. Se ele achar muito caro alargar vias,
comprar mais ônibus para colaborar com o transporte, fazer bolsões de
estacionamento público e outras coisas mais, que não faça o empreendimento.
Nessa linha, Agustín Guisado apontou: “Com as contrapartidas
que os empreendedores dão em Madrid, quando querem construir na região central,
o governo guarda uma parte e aplica nas regiões menos adensadas distantes do
centro, em mobilidade, escolas e serviços. Assim a cidade vai se desenvolvendo
e mantendo a qualidade e equilíbrio que desejamos”, afirmou. Permitir a
verticalização na região central, nem sempre é a decisão mais viável social e
economicamente, tanto para a comunidade como para os empreendedores. É preciso
um planejamento urbano ousado, com olhar mais social e menos econômico, senão a
especulação imobiliária toma conta e impõe o seu ritmo.
QUE PENA QUE ESTA PALESTRA CHEGOU TARDE EM JUNDÍAÍ, MAS AINDA ESTÁ EM TEMPO DE ACORDAR, E QUEURE UMA JUNDIÁI COM TRANSITO, SAÚDE, ESCOLA ETC... MELHOR, VAMOS VALER O NOSSO DIREITO DE CIDADÃO, E O VALOR DO IMÓVEL ESTA UM ABSURDO!!!
ResponderExcluirÉ isso,, a Cidade necessidade viver melhor.....
ExcluirJÁ PASSOU DA HORA DE JUNDIAÍ IMPLANTAR A ALTA TECNOLOGIA NA MOBILIDA UIRBANA E NA PRESERVAÇÃO AMBIENTAL! PARABÉNS A TODOS OS PARTICIPANTES DA PLENÁRIA!
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